Cresci ao lado de uma máquina de costura, vendo minha mãe trabalhar para sustentar sua família que era bastante numerosa! Éramos nove filhos ao todo!Todos pequenos:
- "Era uma escadinha de filhos", como dizia minha mãe! Com o trabalho das costuras, ela ajudava meu pai, um pequeno comerciante que possuia uma pequena venda (mercearia) !
Enquanto minha mãe costurava gostava de ficar ao seu lado, deitada em um catre (cama) que ficava ao lado da máquina, ouvindo histórias de sua infância, vivida na Fazenda da Caatinga, em Tapiraí! Eram histórias fantásticas, vivida entre cabras, bois,vacas, monjolo, porcos, galinhas, muitas frutas, muitas lavouras e ajudando sua mãe na lida do dia a dia! Era filha de um fazendeiro rico que guardava dinheiro até dentro de um colchão! Uma criança que tornou-se bonita, e que depois de adulta conquistou o coração de um príncipe encantado que viera de terras distantes.
Graças a essas históricas fantásticas que ela me contava, enquanto pregava rendas, botões e cosia suas encomendas o que não eram poucas!Aprendia com ela novos conhecimentos, pelo pouco que sabia, mas que eram de uma sabedoria extraordinária! Ao seu lado, ouvindo suas histórias, adquiria conhecimentos, experiências, melhorando o meu saber e minha linguagem! Assim, formava meu caráter e crescia sonhando em ser professorinha, além de buscar, histórias, e mais histórias, nos livros da excelente Biblioteca do Grupo Escolar “José Alzamora”, onde estudava!
Na fase adulta, adquiri mais conhecimentos estudando na excelente Escola Oficial Estadual, de Formiga. Os anos se passaram, a menina que ouvia historia da mãe, passou a contar histórias para seus alunos, no Grupo “José Alzamora”, onde trabalhava.
Assim como minha mãe conheci o meu príncipe encantado e casei-me!Após três anos de casada nasceu o meu primeiro filho e depois vieram os outros quatro, formando também uma escadinha, lembrando das palavras de minha mãe!
Meus filhos também cresciam ouvindo histórias e adquirindo mais leituras, nos livros que adquiríamos de um vendedor que trazia as novidades em literatura!
Chegava em casa à tardinha, depois de contar histórias para meus 42 alunos, um trabalho que fazia com muito carinho e satisfação! Mesmo cansada, depois de tantos alaridos e transmitindo ensinamentos às crianças de minha sala, chegava em casa exausta e quase sem voz! A alegria que meus alunos sentiam em acompanhar as histórias e adquirir conhecimentos eram notáveis!
-À noite, algum dos meus filhos dizia
- Conta-me uma história mamãe!
Claro que nem lembrava do cansaço e contava a mesma história contada para as crianças de minha classe! Gostava de ver a reação de meus filhos, assim como de meus alunos! Seus olhinhos brilhavam, seus sorrisos eram lindos: contava histórias de príncipes, reis, castelos encantados! Algumas dessas histórias faziam-me emocionar bastante como: o “Pequeno Escrevente Florentino”.
É importante que como mães, e avós contemos histórias para as nossas crianças. Sejam elas histórias de nossas vidas ou inventadas, pois estaremos compartilhando com seus valores e seu caráter!
Quantas vezes também contei histórias para os meus netos... Assim, no dia a dia estaremos sempre construindo novas histórias e passando para os nossos filhos, netos e sobrinhos!
Nesse “Dia das Mães” a minha homenagem a todas as mães, principalmente as bambuienses, pedindo-lhes que narrem também suas histórias de vida ou inventadas, porque através delas suas crianças estarão adquirindo experiências, valores e caráter para a sua formaçãopessoal.”
Feliz Dia das Mães!
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